
Tradicional área de influência dos Estados Unidos e do México, a América Central saiu do radar de prioridades dos dois países - o que, segundo o Itamaraty, abre novas possibilidades para a diplomacia brasileira.
"Sem dúvida esse será o tom da mensagem do presidente Lula nessas visitas", diz um diplomata brasileiro.
Durante o mandato do presidente George W. Bush, a América Central recebeu menos atenção dos americanos. O distanciamento aumentou com a crise financeira, que fez minguar os investimentos e as remessas para a região.
Historicamente bastante ligado aos países da América Central, o México também vem se distanciando nos últimos anos.
"A prioridade dos mexicanos passou a ser os países mais desenvolvidos. Além disso, o governo tem grandes problemas internos para resolver, como a violência", diz o diretor da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Autônoma de Guadalajara, Ricardo Flores Cantú.
Esquerda
O vácuo deixado por americanos e mexicanos, nos últimos anos, tem sido preenchido por outro líder na região: o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
O caso mais simbólico é o de Honduras. Tradicional aliado dos Estados Unidos, o país passou por uma inversão política e é, hoje, um dos principais seguidores da política chavista.
O diplomata do Itamaraty diz que o avanço de Chávez na região não é "fluido" e que, por isso, não preocupa.
"Muitos desses países veem no Brasil e não na Venezuela uma possibilidade de contraponto", diz o diplomata.
Segundo ele, muitos líderes da região "se espelham" na figura do presidente Lula, com quem criaram uma "forte relação".
Ele cita o exemplo da Guatemala, cujo governo vem adotando políticas públicas "inspiradas" na experiência brasileira, como o "Mi Familia Progeso", espécie de Bolsa Família local.
Propostas
A agenda oficial começa na segunda-feira, em El Salvador. De lá o presidente parte para a Guatemala e, em seguida, para a Costa Rica.
O presidente Lula quer aproveitar a visita para avançar nas conversas sobre um acordo entre o Mercosul e o Sistema de Integração Centro-Americana (Sica), grupo que inclui diversos países da região.
Além disso, há uma série propostas sobre a mesa que poderão resultar em financiamentos brasileiros à América Central.
Apesar da proximidade e do desejo brasileiro por maior integração regional, o BNDES não tem linhas de crédito a nenhum país da região.
"Há muitos pedidos de crédito em andamento, mas nada foi efetivamente fechado até hoje", diz o diplomata.
Entre as propostas em fase avançada está uma linha de crédito ao governo da Guatemala para a compra de aviões da Embraer, no valor de US$ 99 milhões.
O governo da Guatemala estuda ainda um crédito junto ao BNDES para a compra de 3 mil ônibus fabricados no Brasil.
Em El Salvador, Lula participa da posse do presidente eleito, Mauricio Funes - um jornalista de centro-esquerda, casado com a representante do Partido dos Trabalhadores (PT) na América Central, Vanda Pignato.
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