segunda-feira, 16 de março de 2009

"PMDB de Dilma" vira alvo


O PMDB vai realizar 27 congressos estaduais e um nacional, entre abril e julho, para discutir a candidatura própria e elaborar um programa de governo do partido. A decisão põe em dúvida avaliação corrente no PT e no Palácio do Planalto, segundo a qual os pemedebistas já decidiram, majoritariamente, se aliar ao PT e apoiar a candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) nas eleições de 2010.

A menos que o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), se filie ao partido, é pouco provável que o PMDB tenha candidato ao Planalto, em 2010. Mas a coligação com o PT, em torno da candidatura Dilma, depende de um acerto preliminar em, pelo menos, dez Estados. No poder estadual reside a força dos pemedebistas, que atualmente detêm as maiores bancadas no Congresso.

O otimismo do Palácio do Planalto e do PT decorre de dois fatos recentes: o entendimento entre as duas siglas para eleger Michel Temer presidente da Câmara e a avalanche de críticas recebidas pelo PMDB desde que o partido se tornou hegemônico no Congresso. Segundo esse raciocínio, o PMDB era preservado enquanto parecia indefinido; virou alvo depois que a candidata Dilma ganhou terreno na Câmara.

Prova disso seria o fato de o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, que se aliou ao atual governador José Serra, até agora ter passado ileso pela onda de denúncias. Aponta-se também para a ofensiva do senador Jarbas Vasconcelos (PE) contra o próprio partido - nesse processo, ele declarou apoio à eventual candidatura de Serra a presidente.

Nos Estados que o PMDB pretende manter o governo ou ganhar a eleição em 2010, apenas o Rio de Janeiro, por enquanto, parece não ter problemas para a sucessão do governador Sérgio Cabral, que tem o apoio de Lula e pode ser avalizado pelo petismo local, sem expressão eleitoral.

Há problemas até em Estados onde o cacique pemedebista local já afirmou que vai trabalhar pelo apoio a Dilma. Este é o caso, por exemplo, da Bahia. O ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) quer disputar o Palácio de Ondina, mas o PT já decidiu que Jaques Wagner será candidato à reeleição e, no máximo, pode oferecer a Geddel a candidatura ao Senado.

No Pará, a associação de Jader Barbalho com a governadora Ana Júlia Carepa está ameaçada pelo que o grupo pemedebista chama, eufemisticamente, de "inexperiência do grupo no governo". Jader, na realidade, quer lançar o filho Helder, que é prefeito do município de Ananindeua, contíguo a Belém. Jader, que ajudou a eleger Ana Júlia, também pode voltar ao Senado, dentro de um acordo que é bombardeado pelo "grupo inexperiente no governo".

Há dificuldades em toda a região Sul, a mais refratária ao governo quando se mede a popularidade de Lula. No Rio Grande do Sul, o PMDB terá candidato, provavelmente o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, e avalia que irá para o segundo turno contra a atual governadora Yeda Crusius. Não há hipótese de acordo com o PT, mas há com o PSDB, antes ou depois das eleições.

Em Santa Catarina, o governador Luiz Henrique planeja fazer sucessor outro pemedebista, Eduardo Pio Moreira, e o PT pretende tomar seu lugar. Seja com a senadora Ideli Salvatti, o ex-ministro da Pesca José Fritsch ou o nome que se viabilizar na disputa interna do partido para concorrer ao governo.

A situação é a mesma no Paraná, onde o atual governador Roberto Requião quer ser senador e deve receber o apoio do tucano Beto Richa, prefeito de Curitiba e provável candidato tucano ao governo do Estado. Em Minas, o nome da vez no PMDB é Hélio Costa, enquanto o PT tem pelo menos dois nomes que não devem abrir mão da disputa: o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento social e Combate à Fome).

O fim da regra da verticalização pode ajudar na formalização da aliança PT-PMDB, por permitir que as duas siglas disputem nos Estados e se entendam nacionalmente. (Por Raymundo Costa)

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