terça-feira, 14 de setembro de 2010

Brasil crescerá 7,5% em 2010

A desaceleração menos intensa do que a esperada entre abril e junho e a publicação de indicadores que sugerem uma retomada da atividade industrial no início do terceiro trimestre motivaram o mercado a elevar novamente as projeções para o crescimento da economia este ano. De acordo com o boletim Focus, divulgado ontem, a estimativa dos analistas para o Produto Interno Bruto (PIB) passou de 7,34% para 7,42%, avanço que, se confirmado, será o maior em 24 anos.

A surpresa interrompeu uma trajetória de redução das estimativas, que caminhavam lentamente para o patamar de 7% e deve se estabilizar em torno de 7,5%, segundo estimativa do economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal. “Foi um reflexo direto do PIB do segundo trimestre, uma vez que o resultado veio acima das expectativas, mas não deve ultrapassar muito 7,5%”, avaliou.

Aquecimento
Mesmo esperando um aquecimento maior na economia, o mercado voltou a reduzir a perspectiva de inflação – de 5,07 para 4,97% – considerando o comportamento registrado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Nos últimos três meses, o indicador apontou aumento de preços quase nulo, próximo de zero, no conjunto da economia. “Ao contrário do PIB, nesse caso o mercado foi surpreendido porque os IPCAs vieram próximo ao piso das projeções, o que acaba sendo incorporado nas expectativas de curto prazo”, afirmou Leal.

Para Gian Barbosa, analista da Tendências Consultoria, apesar de estarem mais próximas do centro da meta de inflação (4,5%), as estimativas continuam pressionadas pela previsão de que novos eventos devem voltar a elevar os índices de preços. “Há uma projeção de choque de preços agrícolas, que deve servir como um limitador para a queda nas estimativas deste ano”, afirmou.

Tatiana Pinheiro, economista do banco Santander, afirmou que a partir de setembro as pressões inflacionárias devem se concentrar nos alimentos, em função das dificuldades de algumas culturas com a seca e, a partir de novembro, o consumo das festas de fim de ano deve fazer o mesmo papel.

Em sentido oposto à inflação corrente, as estimativas para o avanço do IPCA em 2011 voltaram a aumentar, de acordo com o Focus, e passaram de 4,85% para 4,90%, contrariando o comportamento considerado normal, no qual a projeção para o ano seguinte se mantém mais próxima do centro da meta. “A meta não está mais servindo de âncora para o mercado porque ele está mais temeroso em relação a diversos fatores, como o comportamento da economia externa e a força da demanda doméstica”, afirmou Tatiana.

A deterioração recente das projeções também está ligada ao fato de o mercado não concordar com a posição do Banco Central que manteve a Selic em 10,75% na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). “O mercado parece não ter comprado a ideia de que 10,75% ao ano é o suficiente para fazer a inflação voltar para o centro da meta”, considerou Leal.


OCDE VÊ SINAIS DE DESACELERAÇÃO
A desaceleração do crescimento econômico dos países desenvolvidos parece cada vez mais provável, disse a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) ontem, destacando sinais de que a recuperação pode ter chegado ao auge nos Estados Unidos, no Japão e no Brasil. A OCDE informou que o índice composto para as 32 nações-membro caiu pelo segundo mês consecutivo, perdendo 0,1 ponto, para 103,1. A organização também disse que há sinais de que a expansão da Rússia e da Alemanha pode atingir o pico em breve. O índice do Japão declinou pela primeira vez desde abril de 2009, caindo 0,1 ponto, para 102,8, enquanto a medida dos Estados Unidos diminuiu pelo segundo mês, de 102,7 em junho para 102,5. A leitura geral para o grupo das sete nações industrializadas (G-7) — Japão, EUA, Canadá, Itália, França, Alemanha e Grã-Bretanha — foi de 103,1, queda de 0,2 ponto. O indicador do Brasil recuou 0,8 ponto, para 99,4.



Influência sobre a América Latina


Se a economia brasileira continuar crescendo em ritmo acelerado, os ratings soberanos de outros países na região podem sofrer impacto positivo a médio prazo, considerou a agência de classificação de risco Moody’s em relatório divulgado ontem.

“O Brasil não é a China da América Latina (...) no entanto, se o desempenho econômico do Brasil se tornar ainda mais um motor regional ao longo dos próximos anos, os países vizinhos sentirão os efeitos positivos no fortalecimento de seus ratings soberanos”, disse o analista Sergio Valderrama.

Segundo ele, o crescimento brasileiro estimula a abertura de comércio na América Latina, que cresceu de cerca de 40% do PIB no fim dos anos de 1990 para 55% entre 2006 e 2009, o que ainda está abaixo dos 110% da Ásia.

“O boom econômico ocorrendo no Brasil aumentou a estabilidade macroeconômica em outros países da América do Sul, e a melhor perspectiva de crescimento a médio prazo pode ter efeitos positivos diretos e indiretos, devido à grande escala de sua economia”, segundo Valderrama.

Os impactos diretos do Brasil em seus vizinhos, diz Valderrama, incluem a maior troca de bens e serviços assim como os investimentos diretos. Já as influências indiretas incluem um sentimento otimista dos mercados financeiros internacionais em relação à região e ao fato de o Brasil representar um modelo de boas políticas econômicas.

FMI
Outra instituição que fez uma avaliação positiva da América do Sul foi o Fundo Monetário Internacional. O FMI disse que as perspectivas das economias da Ásia e da América do Sul continuam otimistas para os próximos dois ou três anos, enquanto a incerteza permanece sobre a Europa e os Estados Unidos.

O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, também afirmou que o governo norte-americano parece comprometido a fazer mais pela economia — políticas que o Fundo vê como vitais para manter a recuperação mundial e ajudar a situação ruim dos mercados de trabalho.Correio


O número

55%
Elevação da abertura de negócios na região em função da ampliação do PIB brasileiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Nota do moderador: Comentários preconceituosos, racistas e homofóbicos, assim como manifestações de intolerância religiosa, xingamentos, ofensas entre leitores, contra o blogueiro e a publicação não serão reproduzidos. Não é permitido postar vídeos e links. Os textos devem ter relação com o tema do post. Não serão publicados textos escritos inteiramente em letras maiúsculas. Os comentários reproduzidos não refletem a linha editorial do blog