O espaço virtual vem tendo muitos usos nas campanhas eleitorais deste ano, seja como ferramenta de interação, seja como divulgação. Mas chama a atenção o caso do deputado estadual e candidato a reeleição Marcelo Freixo, no Rio de Janeiro: ele só terá esta alternativa para fazer chegar sua campanha a certas áreas do Estado.
Jurado de morte após comandar na Assembleia Legislativa local a CPI das Milícias, o pré-candidato do Psol explorará as diversas mídias sociais para interagir com o público e divulgar suas ideias em lugares onde correria riscos se aparecer em pessoa. "Tem algumas áreas, como Campo Grande e boa parte do Jacarepaguá, em que eu não posso estar e nem ter militantes, então esta vai ser a forma de chegar a eles", afirmou.
As ameaças surgiram depois que o relatório final da CPI das Milícias - o nome é usado para identificar grupos criminosos que atuam em diversas comunidades do Rio, oferecendo proteção aos moradores por meio da violência e da extorsão -, apresentado em dezembro de 2008, enumerou 800 pessoas citadas em denúncias e 226 acusados de envolvimento direto com esses grupos paramilitares, que se instalaram em cerca de 170 comunidades - mapeadas pela investigação, que durou cinco meses.
Além de agregar policiais militares e integrantes das Forças Armadas, as milícias também tinham braços no governo, de acordo com o relatório da CPI. Entre eles, foram indiciados os vereadores Nadinho de Rio das Pedras (DEM), Luiz André Deco (PR), Josivaldo Francisco da Cruz (DEM) e Cristiano Girão Matias (PTC). Alguns representantes políticos destes grupos criminosos foram presos. Em 2009, o deputado estadual Natalino José Guimarães (PMDB) e o seu irmão, o vereador Jerônimo Guimarães Filho (DEM), foram condenados a 10 anos e 6 meses de prisão.
Depois do fim da CPI, a Segurança Pública estadual identificou mais de um plano para assassinar autoridades públicas que investigavam o caso. Sob ameaça, estão, por exemplo, o deputado Freixo, o delegado de Polícia Civil Vinicius George de Oliveira e o delegado de Polícia Civil Marcus Neves.
O receio é tanto que, para fazer visitas pessoalmente, até nas áreas em que ele pode ir, o deputado só caminhará com seguranças ao redor. "Só posso sair acompanhado de escolta armada", disse. E isso assusta os eleitores? "Sim, assusta a mim também. Porque não fiz nada de errado, só fiz o meu papel".
Na web, Freixo também terá um desafio: fazer com que as pessoas acessem seu site e busquem este conteúdo enquanto navegam. Mas isso não o desanima. "É o único meio que eu terei e hoje a rede está muito difundida, inclusive nas classes mais baixas. Por isso, divulgaremos intensamente o site no nosso pouco tempo na TV", disse, referindo-se à propaganda eleitoral.
Para que suas propostas no novo mandato sejam conhecidas, o deputado utiliza as mídias sociais para se comunicar e acredita que elas o ajudarão bastante. "Temos um Twitter e vamos trabalhar com listas de e-mail, Facebook, entre outros. No site, as pessoas poderão fazer doação pra campanha e acompanhar vídeos e matérias", afirmou ao Terra
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