sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Executivo da Odebrecht delata cúpula do PMDB e cita propinas de mais de R$ 22 mi, diz JN


A edição desta sexta-feira (9) do Jornal Nacional, da "TV Globo" informou que os depoimentos em
delações premiadas de executivos da Odebrecht para a Operação Lava Jato, prestados nesta semana, trouxeram citações à cúpula do PMDB e a nomes importantes do governo Temer, do Senado e da Câmara.

Segundo reportagem do telejornal, que disse ter acesso às 82 páginas do conteúdo da delação de Cláudio Melo Filho, o ex-diretor de relações institucionais da empresa e um dos primeiros a depor mencionou, entre outros nomes, o presidente Michel Temer, os ministros Moreira Franco (RJ, secretário do Programa de Parcerias e Investimentos), Eliseu Padilha (RS, ministro-chefe da Casa Civil) e os senadores Romero Jucá (RR) e Renan Calheiros (AL).

Melo Filho, segundo o JN, detalhou como a Odebrecht negociava e repassava propina para as cúpulas do PMDB no Senado e na Câmara. Na primeira Casa, o principal interlocutor era Romero Jucá, atual líder do governo no Senado.

Jucá era o principal responsável pela arrecadação e consequente redistribuição de recursos para o PMDB. De acordo com o delator, as maiores demandas ocorriam em períodos eleitorais, e o repasse, sempre negociado com o então presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, era feito via doações legais ou por meio de caixa 2.

Ainda no Senado, outro interlocutor frequente era o senador Eunício Oliveira (CE).

Cláudio Melo Filho, de acordo com a delação obtida pelo JN, afirmou ter participado de pagamentos ao PMDB que superam os R$ 22 milhões. Em contrapartida, a Odebrecht exigia benefícios no Congresso que passavam por medidas de regimes tributários, parcelamento de dívidas e acordos da indústria petroquímica.

Na Câmara, o delator afirmou que os interlocutores eram principalmente Eliseu Padilha, Moreira Franco em menor escala e, eventualmente, o próprio Michel Temer, então presidente do PMDB e vice-presidente nos governos de Dilma Roussef (entre 2011 e 2016).

Segundo o executivo, Temer solicitou financiamento direto a Marcelo Odebrecht em um jantar, que ele acredita ter ocorrido em maio de 2014. Na ocasião, o então presidente do PMDB pediu diretamente o pagamento de US$ 10 milhões. Deste montante, 60% teriam sido destinados a Paulo Skaf, então candidato ao governo de São Paulo, e 40% para Eliseu Padilha. Parte deste dinheiro teria sido entregue no escritório de José Yunes, hoje assessor especial da Presidência da República. Por isso, embora não esteja claro na delação, supõe-se que o pagamento tenha sido feito em dinheiro vivo.

O Jornal Nacional reportou que a delação de Cláudio Melo Filho ainda faz menções a Renan Calheiros (AL) - a quem o executivo teria dado R$ 500 mil – e a outros diversos nomes, entre eles Geddel Vieira Lima (BA), Eduardo Cunha (RJ), Lúcio Vieira Lima (BA) e Katia Abreu (GO), todos do PMDB; Jaques Wagner (BA), Marco Maia (RS) e Antonio Palocci (SP), do PT; Gim Argello (PTB-SP); e Agripino Maia (RN) e Rodrigo Maia (RJ), presidente da Câmara, ambos do DEM.

O repasse a pedido de Michel Temer fora revelado, em primeira mão, nesta tarde pelo BuzzFeed e depois confirmado pela Folha. Mais tarde, o site também divulgou aqueles que seriam os apelidos dos políticos na planilha de propinas da Odebrecht. A informação foi retirada da própria delação de Cláudio Melo Filho, que também revelou valores repassados a alguns dos citados.

Alguns dos apelidos, segundo o site, seriam: Caju (Romero Jucá), Justiça (Renan Calheiros), Índio (Eunício Oliveira), Babel (Geddel Vieira Lima), Primo (Eliseu Padilha), Angorá (Moreira Franco), Caranguejo (Eduardo Cunha), Polo (Jaques Wagner) e Botafogo (Rodrigo Maia).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Nota do moderador: Comentários preconceituosos, racistas e homofóbicos, assim como manifestações de intolerância religiosa, xingamentos, ofensas entre leitores, contra o blogueiro e a publicação não serão reproduzidos. Não é permitido postar vídeos e links. Os textos devem ter relação com o tema do post. Não serão publicados textos escritos inteiramente em letras maiúsculas. Os comentários reproduzidos não refletem a linha editorial do blog