domingo, 19 de junho de 2016

Fundador do MBL vai disputar prefeitura. Ele elogia Milton Serafim condenado a 32 anos de prisão por propina



Cidade onde surgiu o MBL (Movimento Brasil Livre), Vinhedo, a cerca de 80 quilômetros de São Paulo, pode eleger como prefeito um dos coordenadores nacionais do grupo, o advogado Rubinho Nunes, 28. No último dia 9, sua pré-candidatura, pelo PMDB, foi oficialmente lançada.

Vinhedense, ele e Renan Santos, que reside na cidade de aproximadamente 70 mil habitantes, fundaram, logo após a reeleição de Dilma Rousseff, em 2014, o movimento Renova Vinhedo para protestar contra a vitória petista. Em março do ano seguinte, já como MBL, convocavam a primeira manifestação nacional pelo impeachment.

"Eu tenho a base do MBL. E o PMDB de Vinhedo me deu liberdade para aplicar meus ideais da forma que eu quiser", afirma à Folha Rubinho, que, durante a tramitação do impeachment na Câmara, praticamente mudou-se para Brasília, onde pressionou deputados a votar contra Dilma.

Depois do afastamento da presidente, o movimento voltou-se para as eleições de 2016. Ficou acertado que membros que queiram concorrer deverão se afastar das atividades no MBL durante a campanha e defender os ideais do grupo liberal em suas propostas. Além disso, o MBL não irá participar do financiamento das campanhas e veta candidaturas nos seguintes partidos: PT, PCdoB, PSOL, PSTU, PCO e Rede.

"Os líderes do movimento que irão se candidatar farão campanhas defendendo a plataforma do MBL e, uma vez eleitos, votarão de acordo com o que defenderam, independentemente da orientação da liderança partidária", diz Santos.

"A atuação em partidos políticos é um meio, o verdadeiro fim é a defesa dos valores do movimento", completa.

Questionados sobre a contradição de um movimento contra a corrupção lançar candidatos em partidos envolvidos na Lava Jato, como o próprio PMDB, os líderes dizem que é preciso "infiltrar" pessoas e ideias novas em um sistema corrompido.

"Em nível nacional, tem alguns nomes do PMDB que decepcionam qualquer pessoa, mas, para exercer a política, você tem que estar dentro de um partido", diz Rubinho.

Sua pré-candidatura foi uma surpresa para a população. Apesar de acompanhar a política local e ser filho de Rubens Nunes, um dos 15 vereadores de Vinhedo, é a primeira vez que Rubinho disputa uma eleição. "Nunca me candidatei nem a síndico", brinca. "Mas detectei que há um clamor muito grande por renovação na cidade."

VELHA POLÍTICA

Filiado ao PMDB em março, quando o pai, antes no PR, também mudou para a sigla, Rubinho tem um segundo padrinho político: João Marcos Lucas, dono de uma indústria de parafusos na cidade e presidente do PMDB municipal. "Lançar o Rubinho foi uma ideia minha e a aceitação dele está melhor do que eu podia imaginar", diz.

Nunes e João Marcos chegaram a integrar a base do atual prefeito, Jaime Cruz (PSDB), que assumiu em 2014 depois que Milton Serafim (PTB), eleito em 2012, renunciou para escapar de cassação.

Serafim tem, "guardadas as devidas proporções, o carisma do Lula", diz João Marcos. Foi prefeito de 1997 a 2004 e de 2009 a 2014.

No ano passado, Serafim foi condenado em primeira instância a 32 anos de prisão acusado de pedir propina para aprovar loteamentos e esteve preso em 2005 e 2008 –ano em que foi eleito. Também foi citado na máfia das sanguessugas e em superfaturamento de merenda escolar.

Ainda assim, João Marcos elogia Serafim como o "prefeito mais competente" da cidade. O empresário, que diz ter ido visitá-lo todos os dias na prisão, deixou de apoiá-lo após avaliar que ele inchara a máquina pública e também pelo caso da merenda. "Ele era tido como corrupto, mas que só tirava dos ricos. 

No ano passado, João Marcos chegou a negociar quatro secretarias para apoiar Cruz, mas rompeu com o prefeito, no mês passado, por considerar que ele bancou gastos e cargos de confiança desnecessários.

Cruz também foi denunciado no caso da merenda. Segundo sua assessoria, ele era secretário de Educação à época, mas não era responsável pelas licitações.

AFINAMENTO

Rubinho e João Marcos estão afinados nas prioridades para Vinhedo: uma administração enxuta e que fomente a iniciativa privada.

"Vinhedo tem muitos cargos, comprometendo 54% do orçamento com funcionalismo. Assemelha-se muito com o que o PT fazia no governo federal", diz Rubinho.

O pré-candidato não concorda com as novas regras eleitorais, que proíbem doações empresariais e diminuem o tempo de campanha. A legislação estabelece ainda um teto para arrecadação que, no caso de Vinhedo, é de R$ 100 mil.

João Marcos será um dos doadores da campanha e quer viabilizar contribuições de outros empresários na condição de pessoas físicas.

SÃO PAULO

Fernando Holiday, outro coordenadores nacional do MBL, irá formalizar sua pré-candidatura a vereador de São Paulo pelo DEM neste mês.

Segundo Santos, um dos fundadores do movimento, líderes locais do MBL irão concorrer em cidades como Caxias do Sul (RS), Campina Grande (PB), Goiânia (GO) e Florianópolis (SC).

"O número de candidatos será definido oficialmente em nossa convenção, em agosto, quando terminaremos de avaliar suas potencialidades e –inclusive– seu passado e seus parceiros eleitorais", afirma Santos.Informações da Folha

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