quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Insatisfação da base governista chega aos movimentos sociais

Passeata organizada por centrais sindicais dirigidas por partidos da base aliada parou São Paulo ontem.

Manifestação, que contou com apoio também da CUT e UNE, foi a maior enfrentada pela presidente Dilma

A crise que a presidente Dilma Rousseff enfrenta em sua base política extrapolou o Congresso Nacional e chegou aos movimentos sociais. Liderados pela Força Sindical, que é dirigida pelo PDT, partido da base governista e que comanda o Ministério do Trabalho, cerca 15 mil manifestantes, segundo estimativa da Polícia Militar, marcharam ontem por São Paulo e pararam o trânsito da cidade. O ato começou no Pacaembu, na Zona Oeste, cruzou a Avenida Paulista e terminou na Assembleia Legislativa, no Ibirapuera, na Zona Sul, aumentando o tradicional congestionamento das manhãs paulistanas.

Além da Força, outras quatro centrais sindicais - CGTB, CTB, UGT e Nova Central- participaram da marcha entoando palavras de ordem contra o Governo Federal. Destas, duas são dirigidas por partidos da base aliada. A CTB pelo consórcio PCdoB/PSB e a CGTB pelo PMDB. A UGT é ligada ao PPS e mais próxima ao PSDB.

A Nova Central tem um comando pulverizado. "O governo Lula foi apoiado nas opiniões dos movimentos sociais. Isso não está ocorrendo com a presidente Dilma. Ela não ouve o movimento sindical", dizWagner Gomes, presidente da CTB e militante do PCdoB, um dos partidos mais leais à presidente no Congresso. "Se a presidente continuar com essa política de juros altos, a tendência é haver mais mobilização", afirma o sindicalista.

"Dilma está agindo muito sozinha e isso é ruim para ela", completou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira, que também é deputado federal do PDT paulista. Os líderes do movimento também criticaram pelo microfone o Plano Brasil Maior, anunciado ontem pelo governo federal para incentivar alguns setores da indústria.

"O governo apresentou um projeto que vai dar bilhões aos empresários. A contrapartida dos trabalhadores não está lá", diz Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT). Os sindicalistas também reivindicam redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, regulamentação do trabalho terceirizado, redução dos juros e o fim do fator previdenciário.

Durante o evento, a UGT distribuiu um manifesto criticando duramente o Plano Brasil Maior. "As centrais sindicais não foram chamadas para sua elaboração. A preservação dos empregos é apenas parte do discurso da presidente. Não existem garantias formais de manutenção e ampliação das vagas sequer nos setores beneficiados", afirma o manifesto.

Além das centrais, outras duas entidades leais ao lulismo aderiram à passeata; a União Nacional dos Estudantes (UNE), que também é majoritariamente dirigida pelo PCdoB, e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

Segundo a Força Sindical, 1.187 ônibus foram usados para trazer militantes. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) preparou um esquema especial para monitorar o trânsito.

Historicamente ligada ao PT, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) não participou da marcha. Mas isso não significa que a entidade rejeite a crítica ao governo. Apesar de estar rompida com as demais centrais, a CUT também prepara uma passeata, que será em Brasília. Enquanto isso, no Distrito Federal, a tropa de choque governista passou o dia tentando convencer parlamentares da base a retirar o apoio à CPI da Corrupção, idealizada pela oposição para investigar irregularidades nos ministérios dos Transportes e da Agricultura.

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EmPauta

Em meio a críticas ao governo federal, manifestantes reclamaram de não terem sido consultados sobre o Plano Brasil Maior, de incentivo à produção.

Para eles, pacote não garante criação de mais empregos.

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Além dos trabalhadores, fizeram parte da manifestação o MST e a UNE.

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De acordo com a Polícia Militar, 15 mil pessoas estavam na passeata

Um comentário:

  1. Lembro-me com clareza da reportagem concedida pela Presidenta Dilma ao programa Bom dia Brasil, da Globo, no ano passado, às vésperas do 2º turno das eleições. Na referida entrevista, ela disse enfaticamente que a Previdência brasileira não precisaria de passar por reformas que diminuissem direitos dos trabalhadores, porque no caso do Brasil a população não está tão envelhecida quanto a européia (palavras da nossa Presidenta quando era ainda candidata. Portanto, é inaceitável o projeto de reforma que o Ministro da Previdência quer colocar goela abaixo dos trabalhadores brasileiros. Os movimentos sociais deverão estar atentos à essa iniciativa neoliberal que quer neutralizar avanços sociais conquistados a sangue, suor e lágrimas.

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