sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Dilma inicia viagens internas em encontro de governadores do NE

Antes mesmo de se concretizar, o fim do mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já gerava apreensão no meio político do Nordeste. O crescimento econômico da região, acima da média nacional desde 2003, foi diretamente atribuído à influência do ex-presidente em levar grandes projetos de investimento para o Nordeste, o que lhe conferiu taxa de aprovação local superior a 90%. Beneficiada nas urnas por essa popularidade, a presidente Dilma Rousseff se reunirá na segunda-feira, em Aracaju, com governadores ansiosos em garantir a manutenção da política do pernambucano Lula para a região.

Em sua 12ª edição, o Fórum dos Governadores do Nordeste será a primeira viagem de trabalho de Dilma em território nacional desde que assumiu. Até agora, ela só saiu de Brasília para acompanhar os estragos causados pelas chuvas na região serrana do Rio de Janeiro e para visitar em, Buenos Aires, a presidente argentina, Cristina Kirchner.

"O foco desse encontro será permitir à presidenta explicitar pra nós, governantes da região, qual é a política do seu governo para o Nordeste", resumiu o governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), anfitrião do fórum. Segundo ele, os governadores querem saber, por exemplo, a posição de Dilma sobre a manutenção "de uma certa prioridade" do Nordeste nos investimentos federais em infraestrutura.

Nesse sentido, os participantes também vão querer saber mais sobre o corte de R$ 50 bilhões do orçamento federal, considerado elevado. "O que nos angustia e é motivador de enorme ansiedade é que nós tomamos conhecimento do volume do corte. É um corte que evoluiu muito", afirmou Déda. Há um grande receio, segundo ele, de que sejam paralisadas obras que estão fora do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).

"O fato é que até agora não temos condições de saber onde esses recursos [cortes] serão buscados, que programas serão atingidos. Não temos ideia do impacto desse corte na região Nordeste", relatou Déda. Na mesma linha, o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), considera preocupante o contingenciamento, especialmente para os Estados mais dependentes de recursos federais. "Compreendo as razões do governo, mas nas condições atuais, precisamos de um apoio federal", afirmou.

Apesar do culto a Lula, os governadores irão manifestar o desejo de que seja pensada uma alternativa para o veto dado pelo ex-presidente ao modelo de distribuição dos royalties do pré-sal que reduzia as receitas dos Estados produtores. Está em gestação uma proposta pela qual seria reduzida de forma gradativa a participação dos produtores, em benefício dos demais Estados.

Também será defendida a regulamentação da Emenda 29, que fixa percentuais mínimos para investimento na saúde. O presidente do Banco do Nordeste, Roberto Smith, participará do encontro, onde irá explicitar a necessidade de aporte de mais recursos na instituição, que alega dificuldades em atender toda a demanda da região. Os governadores também tratarão de mobilidade urbana, irrigação, dívidas estaduais, energia eólica e nuclear, aeroportos, transposição do Rio São Francisco, ICMS sobre vendas eletrônicas e Copa do Mundo, entre outros.

Além dos representantes do Nordeste, o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), estará presente. Como o norte mineiro tem características geográficas e sociais semelhantes às do Nordeste, o Estado foi incluído no encontro. Ao lado do tucano, somente os governadores de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB) e do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM), integram os partidos de oposição ao governo federal.

Do lado governista, há uma disputa velada entre os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e da Bahia, Jaques Wagner (PT), pela liderança política da região. Apesar de o Nordeste ter quatro Estados governados pelo PSB, Campos tem diferenças evidentes com seus colegas de partido, especialmente Cid Gomes (Ceará). "Não tem esse negócio de liderança única. Os líderes são todos os governadores. O protagonismo político é construído por cada um", desconversou Déda.

Um comentário:

  1. Andre Brandão, João Pessoa - PBsexta-feira, 18 fevereiro, 2011

    Sou nordestino e votei na Dilma, não pela história dela como política, mas por acreditar que ela daria continuidade ao projeto de LULA.Porém temo ter me enganado, pois estou iniciando no ramo da construção civil e com menos de 2 meses de mandato a Dilma já está colocando em risco um dos maiores projetos sociais desenvolvidos por Lula, o minha casa minha vida. Está nova normativa que a caixa econômica colocou está inviabilizando a construção de casas populares, pois está obrigando a iniciativa privada a ter que calçar as ruas para poder vender e financiar os imóveis produzidos. Nós construtores estamos na incertesa de reavermos o capital investido nestes empreendimentos e já estamos parando as obras e demitindo funcionários. Se for para acabar com o programa simplesmente acabe e não fique colocando dificuldade para diminuir os financiamentos. Calçar ruas é responsabilidade de voçês e não nossa, afinal para que pagamos IPTU. Estou indignado com tal fato que pegou a todos de surpresa e gerará desemprego e tirará a esperança das pessoas de conseguir a tão sonhada casa própria.

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