Com estoques elevados, montadoras e concessionários intensificaram descontos e promoções, inclusive de taxas de juros, e conseguiram obter o melhor julho da história, com 302,4 mil veículos novos vendidos, alta de 15% em relação ao mês anterior. Segundo lojistas, é possível encontrar modelos a preços inferiores aos do período em que o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)estava reduzido, que terminou em 1.º de abril.
Julho também foi o terceiro melhor mês da história em vendas, atrás apenas de março de 2010, com 353,7 mil unidades, e setembro de 2009, com 308,7 mil. Os números incluem caminhões e ônibus. Só em automóveis e comerciais leves foram vendidas 285,8 mil unidades, de acordo com registros de licenciamentos dos órgãos de trânsito.
No acumulado do ano, as vendas estão 8,5% acima do resultado de igual período de 2009, com 1,88 milhão de veículos.
"Em julho ainda tivemos efeito da Copa e o feriado do dia 9 em São Paulo, mas, ainda assim, o mercado evoluiu, mostrando que a tendência é de crescimento", diz o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave), Sergio Reze. Em relação a julho de 2009, as vendas cresceram 6%.
Repasse contido. Pesquisa feita pela agência AutoInforme mostra que, no varejo, os preços dos carros aumentaram 3,4% no primeiro semestre, enquanto a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe ficou em 4,85%. Só o repasse do IPI resultaria em reajustes de 3% a 5%, mas, além disso, a indústria assumiu aumentos do preço do aço e de outras matérias-primas.
O setor iniciou julho com 318 mil veículos em estoque, o mais alto dos últimos anos em volume, equivalente a 36 dias de vendas. No auge da crise, em dezembro de 2008, o estoque estava em 305 mil unidades. Como o mercado estava paralisado, o número representava quase dois meses de vendas.
Segundo lojistas, o número de carros nos pátios deve ter apresentado pequena variação na virada do mês. Os dados de produção e estoques serão divulgados na quinta-feira pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Na concessionária Fiat Total, o modelo Mille, vendido a R$ 22,5 mil no período de redução do IPI, hoje pode ser adquirido por R$ 21 mil. Nas revendas do grupo Palazzo, que comercializam a marca Chevrolet, o Celta é vendido a R$ 23,2 mil, R$ 700 mais barato do que no período do benefício fiscal. O mesmo Celta pode ser adquirido em 72 parcelas de R$ 594, sem entrada. Vários concessionários afirmam que estão operando com margens reduzidas de lucro.
A Anfavea projeta para o ano vendas de 3,4 milhões de veículos, um crescimento de 8,2% em relação ao resultado até agora recorde do ano passado, de 3,1 milhões de unidades. O economista Ayrton Fontes, da consultoria MSantos, porém, já vê desaceleração do mercado. "A última semana de julho foi turbinada com mais de 35 mil veículos lacrados pelos lojistas, que serão vendidos já licenciados."Agência Estado
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