quinta-feira, 1 de julho de 2010

Improviso e falta de opção marcam escolha de vice de Serra

Mergulhado nunca crise sem precedentes na história da aliança com o DEM, e lutando contra o relógio para não ultrapassar o fim do prazo das convenções partidárias, o PSDB acabou escolhendo um vice que o titular da chapa mal conhece e com o qual não tem nenhuma afinidade. O deputado federal pelo DEM do Rio de Janeiro, Índio da Costa, ocupará a vaga como indicação dos democratas, que pressionaram ao ponto de ameaçarem a ruptura da aliança para obter o posto.

O episódio ainda não foi completamente digerido nem por tucanos, nem por democratas, que após cinco dias de exaustiva negociação, chegaram à solução apenas no início da tarde desta quarta. Para que houvesse a recomposição da aliança, foi preciso que políticos da velha guarda dos dois partidos fossem convocados. Fernando Henrique Cardoso, que estava no exterior, e Jorge Bornhausen, ex-presidente do DEM, foram chamados, e opinaram pela troca do então indicado Álvaro Dias por um nome escolhido pelos democratas, com o qual o candidato concordasse.

Após conversações que atravessaram a madrugada, quando, após quatro dias de negociações, ficou claro que o DEM não abriria mão da vaga, José Serra já estava ansioso por uma solução de menor prejuízo possível. O prazo estabelecido pela justiça eleitoral para a realização das convenções partidárias, quando são seladas oficialmente as alianças, funcionou como eficiente instrumento de pressão sobre a cúpula do PSDB e colaborou para o desfecho.

O episódio, no entanto, revelou uma surpreendente dificuldade de articulação no seio da aliança tucana, creditada ora ao caráter excessivamente centralizador do candidato, ora à suposta inabilidade do presidente do PSDB, Sérgio Guerra.

Só o tempo dirá se a indicação de Índio da Costa restabelecerá as relações de confiança entre tucanos e democratas, e destes com os demais partidos da aliança. Vale lembrar que o PTB, de Roberto Jefferson, e o PPS, de Roberto Freire, quebraram vários cristais de família neste episódio, com duras reclamações contra o DEM, que ultrapassaram as fronteiras dos bons modos – no caso de Jefferson.

Além de conquistar votos, tudo indica que Serra terá várias outras tarefas nos próximos dias, inclusive a de consertar o estrago provocado pelo acidentado episódio.R7

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