sábado, 3 de julho de 2010

Com baixo alcance, Saúde da Família patina em SP

Com baixo alcance, Saúde da Família patina em SP

No Estado, menos de 30% da população é visitada por equipes de saúde

SP tem 2ª pior cobertura do Brasil; ao contrário de MG e SC, Estado não envia verba específica aos municípios


Dois anos atrás, a família de Fernando Vitorino, 38, trocou um conjunto habitacional em São Paulo por uma casa com quintal.
Subiu na escala social, mas sente falta de uma coisa: a equipe de saúde que todo mês batia à porta para saber do casal e dos dois filhos.

"Na gravidez, como ajudou! A enfermeira orientava e via se minha mulher tinha tomado as vacinas e ido ao pré-natal", ele diz.

O bairro de Vitorino é o mesmo, Itaquera (zona leste), mas a nova rua fica fora da área do programa Saúde da Família. A maioria dos paulistas está na mesma situação. Só 27,4% da população do Estado é coberta pelo Saúde da Família. É o segundo pior alcance do Brasil.

Há Estados onde mais de 95% da população é visitada.
O Saúde da Família conta com médicos, enfermeiros e agentes de saúde. Cada equipe cuida de mil famílias de uma área, com visitas mensais. Detecta doenças, agenda consultas e exames, busca quem faltou à consulta, vê se o remédio está sendo tomado e ensina a prevenir doenças.

Para especialistas, é importante até em locais onde as pessoas dispõem de planos de saúde privados e hospitais públicos de ponta.

"Muitas doenças são resolvidas na atenção básica, com pouco dinheiro, antes de se complicarem e exigirem tratamentos caros no hospital", explica Gustavo Gusso, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família.

Ele cita a hipertensão arterial como exemplo. Quando não é tratada, pode levar a enfarte, AVC e lesão nos rins.

VERBAS
O Saúde de Família foi criado em 1994. Cerca de metade dos brasileiros -97,8 milhões- é coberta. Um dos obstáculos para a expansão é a falta de médicos que trabalhem em áreas distantes, miseráveis ou violentas.

Em SP, pesa outro fator. O Estado não destina verbas específicas aos municípios.

A responsabilidade direta é das prefeituras -recebem do ministério R$ 6.500 mensais por equipe. O valor só cobre metade do custo. O resto sai dos cofres municipais.Embora os Estados não estejam obrigados, 17 financiam o Saúde da Família.
"O incentivo estadual faz falta", diz Ligia Giovanella, diretora do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde.

Dos 304 municípios sem o programa, metade fica em São Paulo. Osasco é um deles. "Precisaríamos aumentar muito o salário dos médicos, mas não há verba", diz Gelso de Lima, o secretário da Saúde da cidade.Na capital, o alcance é de 31,7%, segundo o ministério.Folha

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