segunda-feira, 7 de junho de 2010

Metade dos piscinões está tomada pelo lixo

Cinco meses após o prefeito Gilberto Kassab (DEM) prometer a limpeza dos 19 piscinões da capital, oito dos 18 equipamentos a céu aberto – o 19º, no Pacaembu, zona oeste, é subterrâneo – estão sujos. Na época, uma vistoria da Prefeitura detectou problemas de manutenção nos reservatórios do Bananal, na zona norte; Cedrolândia, zona oeste; Jabaquara, zona sul; e Oratório, Caguaçu, Limoeiro e Aricanduva V, na zona leste. Os contratos com quatro empresas responsáveis pela limpeza do Bananal e Cedrolândia foram cancelados e Kassab também notificou os encarregados pelo serviço nos demais piscinões. Além disso, a Prefeitura também atribuiu ao longo período de chuvas em São Paulo o mau estado de conservação dos equipamentos. “Ninguém vai encontrar um piscinão brilhando nesta época do ano”, disse à época o coordenador de drenagem da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, Domingos Gonçalves, em entrevista ao JT.

Para o professor de saneamento e instalações hidráulicas Francisco José de Toledo Piza, a chuva não pode ser usada como desculpa pela falta de manutenção. “Todo equipamento público precisa de manutenção constante. A limpeza não pode ser realizada apenas no período de estiagem”. De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), a capital registrou neste ano 51 dias sem chuva. Na semana passada, a reportagem percorreu todos os equipamentos a céu aberto e verificou que a promessa de limpeza não foi cumprida nos piscinões Aricanduva III, Aricanduva V, Bananal, Cedrolândia, Guaraú, Jabaquara, Jardim Maria Sampaio e Oratório.

O lixo acumulado também indica a falta de manutenção no reservatório Jardim Maria Sampaio, no Campo Limpo, zona sul. Moradores da Rua Jorge Arida, vizinha do local, dizem que a última limpeza foi há três meses. “O cheiro, quando carregam os carros com o lixo, é muito forte”, diz a estudante Sandra Regina da Cunha, de 23. Além disso, os vizinhos dos reservatórios sujos sofrem com mosquitos, ratos e a insegurança. “A sujeira traz mosquitos e ratos. Fora o matagal que é esse piscinão (Aricanduva II). De noite dá medo da escuridão”, diz a dona de casa Valquiria Alves, de 26.

Para o consultor em geologia de engenharia e geotecnia Álvaro Rodrigues dos Santos, pelos problemas que trazem, os piscinões não podem ser considerados a solução para as enchentes. “O piscinão é uma alternativa, mas não deve ser tratada como a principal. O modelo dos equipamentos é um atentado urbanístico, além de ser contra a saúde pública.” Para Santos, a Prefeitura deveria combater a impermeabilização do solo e estimular a construção de pequenos reservatórios residenciais e comerciais. “A Prefeitura deve parar de trabalhar sobre as consequências e focar os esforços nas causas das enchentes.” É preciso pensar nos piscinões além da função de reter água”, afirma o urbanista Valter Caldana.JT

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