sexta-feira, 28 de maio de 2010

Cooperação entre Brasília e La Paz é intensa, diz PF

As declarações do pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, associando o governo da Bolívia ao tráfico de cocaína para o Brasil contrastam com a política de aproximação e ações em conjunto entre os dois países. A Polícia Federal não quis polemizar com Serra, mas informou que não há qualquer indício de envolvimento de autoridades bolivianas com o tráfico, e que nunca as relações entre os setores de segurança e inteligência dos dois países agiram com tanta sintonia como agora.

Um dos acordos prevê ações em conjunto entre Polícia Federal e a polícia boliviana para reprimir o tráfico de drogas e todos os crimes conexos, entre os quais, o contrabando de armas e a lavagem de dinheiro originário do crime.

Os dois países têm intercâmbio nas áreas de segurança e inteligência e, frequentemente, executam operações na faixa de fronteira, cujo resultado são apreensões de cocaína nos dois países.

A Polícia Federal criou, no ano passado, uma adidância (representação) policial na Bolívia, e lá mantém permanentes um delegado e um agente, que coordenam os policiais brasileiros sempre que há a operações conjuntas naquele país. Pelos acordos já firmados, policiais bolivianos passaram a participar, desde 2008, dos cursos de formação e capacitação de delegados e agentes, ministrados na Academia Nacional de Polícia, em Brasília.

É frequente também a presença de peritos federais naquele país para transferir conhecimento e novas técnicas de identificação da droga, da planta da coca, de insumos de processamento ou de indícios de lavagem de dinheiro proveniente do tráfico.

Mais repressão A Polícia Federal reconhece que, nos últimos dois anos, a Bolívia melhorou a repressão ao tráfico de cocaína e passou a estimular as ações compartilhadas, especialmente porque os insumos para o processamento da droga, como éter, acetona e demais produtos químicos, saem do Brasil. Em 2008, o presidente da Bolívia, Evo Morales, expulsou do país todos os agentes da Drug Enforcement Administration (DEA), a agência americana anti-drogas, e preencheu o vácuo com acordos firmados com a Polícia Federal.

A decisão provocou um estremecimento nas relações diplomáticas, mas a explicação do governo boliviano é lógica: a polícia brasileira trabalha com corresponsabilidade e não com o estilo de tutela, que era empregado pelos americanos. Embora o maior volume de cocaína que chega ao Brasil tenha como origem a Bolívia, o esquema de tráfico mais organizado e agressivo sempre foi operado pelos cartéis colombianos, com um olho no mercado interno e outro no mercado internacional, usando o país como rota. O Peru, em menores proporções, também produz cocaína consumida no Brasil.JB

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