quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Isso não é o caos, prefeito?



Chuva para São Paulo e mata 6

Tietê e Pinheiros transbordaram e cidade teve 105 pontos de alagamento

A pior chuva dos últimos dois anos paralisou ontem a cidade de São Paulo, causando o transbordamento dos rios Tietê e Pinheiros e travando as marginais, e deixou seis mortos, quatro em Santana de Parnaíba, um em Itaquaquecetuba, ambas na região metropolitana, e um na capital. Motoristas e pedestres ficaram ilhados em estações de trem e metrô, pontos de ônibus e em casa. Houve 105 pontos de alagamento, 26 intransitáveis, e a lentidão chegou a 128 km pela manhã. Cerca de mil pessoas ficaram desalojadas na capital.

Em coletiva, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) minimizou a situação e disse que a Prefeitura agiu rápido. “Nossas ações foram imediatas”, disse, referindo-se às áreas de risco e aos pontos de alagamentos. “Na Marginal do Tietê houve alagamentos porque a chuva foi muito forte na cabeceira (do rio)”, afirmou. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia mostram que a chuva foi de 99,7 milímetros - quase metade dos 202 mm esperados para todo o mês de dezembro. A marca histórica é de 1988, quando choveu 151,8 milímetros em um dia de dezembro.

Pela segunda vez em três meses a calha bilionária, concluída há quatro anos para conter as enchentes do Rio Tietê, mostrou-se insuficiente. Para especialistas, a falta de manutenção e de investimento para finalizar o projeto, que já custou mais de R$ 1,7 bilhão aos cofres públicos, levaram ao transbordamento do rio.

O governador José Serra (PSDB), responsável pelas obras da ampliação da Marginal do Tietê e da calha do rio, não se pronunciou. A Secretaria de Saneamento e Energia do Estado afirmou , em nota, que os alagamentos nas duas marginais se devem a falhas nos sistemas de bombas. Na Tietê, segundo a pasta, o problema ocorreu na drenagem das águas sob a Ponte das Bandeiras. Na Pinheiros, a falha foi detectada na Usina de Traição, com reflexos no escoamento do Tietê. A pasta disse que “os radares registraram chuva de intensidade de 84 mm em média na Bacia do Alto Tietê que corresponde a dois terços de toda a chuva prevista para dezembro, que é um mês chuvoso”.

Uma das áreas mais afetadas da cidade, a Marginal do Tietê teve nove pontos intransitáveis. Como ninguém conseguia circular por ela por causa do aguaceiro, o índice de congestionamento foi de 8 quilômetros às 11h. O último transbordamento havia ocorrido em 8 de setembro. Antes, a via ficou 4 anos sem alagamentos.

O Rio Pinheiros também transbordou e um dos reflexos foi a inundação da Companhia de Entrepostos e Armazéns de São Paulo (Ceagesp). O cenário era de frutas e legumes boiando nas águas. O entreposto teve de fechar as portas ontem e estima um prejuízo de cerca de R$ 15 milhões.

As rodovias que ligam São Paulo ao interior sentiram o efeito das marginais alagadas, principalmente no sistema Bandeirantes/Anhanguera. Nesta última, os motoristas enfrentaram lentidão de 10 km para entrar na capital. Na Rodoviária do Tietê, ônibus chegaram a atrasar sete horas para sair, causando um efeito cascata ao longo do dia. Duas linhas da CPTM pararam e o metrô operou com velocidade reduzida.

No meio de tanta confusão, a cidade viveu situações inusitadas, com regiões em absoluta tranquilidade. A 25 de Março tinha um movimento que nada lembrava época de Natal. A queda estimada no movimento foi de 70%.


RECORRENTE

No dia 3, temporal deixou cinco pessoas mortas - 4 em Itapecerica e uma em São Mateus

No dia 8 de setembro, seis pessoas, duas delas crianças, morreram por causa de deslizamentos de terra na zona leste

Em 17 de março, a três dias para acabar o verão, aconteceu a pior chuva em um ano, com 31 pontos de alagamento e recorde de congestionamento

Em 25 de maio de 2005, os rios Tietê e Pinheiros transbordaram após um temporal.JT

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