domingo, 20 de dezembro de 2009

Brasileiros que vivem na fronteira recebem com festa caixa eletrônico do BB

Para a comunidade de Vila Bitencourt, na margem do rio Japurá, a cerca de 1.498 Km de Manaus, essa semana vai ficar marcada por uma solenidade simples, mas de grande repercussão sócio-econômica. Pela primeira vez, o vilarejo vai ter atendimento bancário por intermédio de um posto inaugurado, na quinta-feira passada, pelo Banco do Brasil. Foi a primeira, de 25 comunidades, que vão receber caixas eletrônicos da instituição.

É o resultado de um convênio com o Exército Brasileiro, através do Comando Militar da Amazônia, que pretende instalar postos de atendimento bancário (PAB) em mais 14 locais onde existem unidades militares de fronteira. O objetivo é incrementar as economias locais fazendo circular a moeda onde é comum a prática das trocas. "A situação já foi pior. Hoje, os militares da fronteira têm telefone, internet, mas essa parceria vai ajudar a elevar o nível de vida nessas localidades", disse o comandante militar da Amazônia, general Luiz Carlos Gomes Matos.

Em Vila Bitencourt, localidade que pertence ao município de Japurá, fica o 3º Pelotão Especial de Fronteira (3º PEF), onde moram cerca de 70 militares com suas famílias. Somando aos civis que residem ao redor do quartel, Bitencourtt tem cerca de 520 habitantes. Do outro lado da margem fica o território colombiano. Assim que foi inaugurada, as máquinas já receberam seus primeiros clientes. Nem mesmo uma pane no gerador de energia da vila fez o equipamento parar.

O sistema de baterias (nobreak) segurou o serviço durante vinte minutos enquanto vários militares e civis já faziam saques, tiravam extratos e verificavam saldos. "Pra sacar ou a gente pede para um procurador mandar o dinheiro, ou a gente deposita na conta dos comerciantes e eles passam o dinheiro pra nós. Mas agora, vai ficar mais fácil", diz Elizabeth Britas, esposa de um dos militares. Em um dos pequenos comércios, a proprietária Lídia Santana também se dizia contente. "A gente dá o nosso cartão pro procurador, ele é que deposita, recebe e paga as contas. Mas quando da problema na conta, a gente tem de ir a Tabatinga", diz Lídia.

Para firmar a parceria, o Exército assinou um termo de cooperação técnica com o Banco do Brasil em que se propõe a dar toda a estrutura logística para a manutenção dos postos, que até o fim deste ano deverão estar montados também em Ipiranga (município de Santo Antônio do Içá) e Iauaretê (São Gabriel da Cachoeira). A meta é instalar os PABs em 14 unidades de fronteira subordinadas ao CMA até o fim de 2010. "Nossa primeira preocupação foi a logística. Mas já está tudo planejado. Nós não teremos de abastecimento, nem de manutenção", diz o superintendente regional do BB, José Amarildo Casagrande.

Quando estiver concluído o trabalho, cerca de 60 mil pessoas, entre militares e civis poderão, pela primeira vez, ter acesso aos serviços bancários comuns a quem mora na cidade. Essas unidades estão espalhadas ao longo de 150 quilômetros de fronteira no oeste do Amazonas. Em praticamente todas, as trocas monetárias são substituídas pela troca direta de produtos. Há grande presença de indígenas na área.

E com os territórios da Colômbia e do Peru bem à frente, é comum também a circulação das moedas estrangeiras no lugar do real brasileiro. "A população é pequena, é um retorno difícil, mas é um serviço quase que de defesa nacional, onde nós colocamos moeda circulante no ponto mais extremo do país", avalia o general de exército, Marco Aurélio Costa Vieira, comandante da 12ª Região Militar, órgão responsável pela logística às unidades militares na Amazônia.

Villa Bitencourt vive em constante atividade de treinamento. Os militares mantêm uma rotina pesada na tropa. A localidade já foi alvo até de incursões de guerrilheiros colombianos nos anos de 1991 e 2002, com que os soldados brasileiros trocaram tiros. No quartel do 3º PEF, vivem homens de todas as regiões do país. Pernambucanos, paranaenses, mineiros e cariocas. Gente como o terceiro sargento Luis Alberto, carioca do Rio de Janeiro, 31 anos, que serve há um ano e quatro meses na Amazônia. "Um simples caixa eletrônico deixa até a vila com cara de cidade" diz o sargento que foi voluntário para servir em Vila Bitencourtt.(Release de Notícias GOV)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Nota do moderador: Comentários preconceituosos, racistas e homofóbicos, assim como manifestações de intolerância religiosa, xingamentos, ofensas entre leitores, contra o blogueiro e a publicação não serão reproduzidos. Não é permitido postar vídeos e links. Os textos devem ter relação com o tema do post. Não serão publicados textos escritos inteiramente em letras maiúsculas. Os comentários reproduzidos não refletem a linha editorial do blog